Vivemos em um mundo repleto de problemas.
Por sorte (ou não tanto), existem milhões de pessoas no mundo e — quase sempre — algumas pessoas sabem a melhor forma de resolver a maioria destes problemas.
Quando o problema exige criatividade, técnica, bom gosto estético e uma pitada de talento, possivelmente esse problema será resolvido por um designer gráfico. É importante frisar que esse conhecimento pode ter sido adquirido de maneira formal (curso superior, técnico etc.) ou autodidata.
Pois é, um designer gráfico pode ser qualquer um que domine as linguagens, ferramentas e conceitos por trás da prática do design gráfico.
O profissional que se habilita em design gráfico – através de ensino formal ou autodidata – torna-se apto a resolver estes problemas, uma vez que a profissão não é regulamentada.
Mas afinal, o que faz um Designer Gráfico?
O design é um campo de estudo extremamente amplo e a resolução de problemas de design exige técnicas diversas e bastante complexas. Sendo assim, nem todo designer gráfico será apto a resolver todos os tipos de problemas.
Um designer, ao longo de sua carreira, vai adquirindo novas habilidades e/ou se especializando em outras.
O foco que a carreira do designer terá é determinada por ele mesmo, baseando-se em suas afinidades pessoais e/ou às suas necessidades profissionais.
Existem designers que sabem pouco sobre muitas áreas dentro do design, outros que buscam a expertise em áreas específicas, outros sabem muito sobre tudo. Isso varia de acordo com o tempo de experiência e a dedicação do profissional em aprender várias coisas.
Cada um desses profissionais resolvem um tipo diferente de problema, de uma forma diferente.
Podemos dividir estes problemas em algumas categorias.
Sempre que existe a necessidade de criação de um produto com a finalidade de ser impresso, um designer com conhecimentos em produção gráfica será acionado.
Via de regra, essa é uma das funções mais tradicionais exercidas por um designer gráfico.
Na produção gráfica, um designer pode desenvolver:
Para tal, o profissional deve dominar algum software de edição de imagens (como o Photoshop), um software de editoração (como o InDesign) e é recomendável que ele domine algum software de imagens vetoriais (como o Illustrator).
Esse profissional também deve saber lidar com questões gráficas, como cores na escala CMYK e Pantone, ter noções de produção gráfica em si (cortes, facas, dobras, vernizes, tipos de papel, sangria, etc.) para que o resultado impresso final não tenha erros.
Como geralmente a tiragem de uma impressão é muito grande, erros são inadmissíveis. Por conta disso, é comum que algumas provas sejam feitas antes da produção final, evitando falhas.
Quando um designer se propõe a criar algo que será impresso, é importante que ele tenha esses conhecimentos para não depender dos arte-finalistas das gráficas.
Geralmente essas pessoas são muito competentes, mas existem detalhes da produção que podem ficar diferentes do esperado justamente porque o designer e o arte-finalista não pensaram da mesma forma.
Dominando as ferramentas básicas de criação computadorizada (como Photoshop e Illustrator) um designer pode também criar peças para serem utilizadas na esfera digital.
São imagens que serão utilizadas na a construção de um site, blog ou perfil em redes sociais. Imagem de perfil, imagem de capa, imagens para serem compartilhadas, banners em sites, adaptação de logo etc.
A diferença entre essas duas primeiras categorias é que as imagens digitais apresentam uma escala de cores diferente: o RGB. As imagens também possuem menores resoluções e são muito mais leves.
O fato de hoje em dia haverem diversos dispositivos digitais onde essas imagens podem ser exibidas (desktop, notebook, smartphones, tablets etc.) exige que o profissional tenha experiência para saber finalizar o arquivo de forma que a imagem fique boa em todas essas diferentes plataformas.
Essa é uma atividade extremamente comum na vida de um designer gráfico.
Todo mundo conhece alguém que precisa/quer de um símbolo que represente aquele novo empreendimento.
Mas a criação de logotipo é muitas vezes menosprezada.
Essa é uma tarefa que exige muito estudo, pesquisa, planejamento e conhecimento. Saiba mais sobre este assunto clicando aqui.
A maioria dos designers faz esse tipo de trabalho, mas fazê-lo com maestria é para poucos.
Esta categoria complementa a anterior.
Ao criar uma marca, toda a identidade visual deve ser planejada seguindo as características predominantes do logo.
As cores, formas e composições devem apresentar uma conformidade estética.
A criação de uma identidade visual engloba, inclusive, a criação de um manual de marca (ou manual de identidade visual).
Este manual é um documento que indica as formas de se aplicar o logo da empresa, as cores que podem ser usadas, tipografias, enfim, uma série de obrigatoriedades referentes à marca em questão.
Seguir a risca este documento ajuda a fortalecer a imagem da marca.
Essa é uma categoria bastante ampla e que gera controvérsias.
“Ilustrar não é desenhar?”, você deve estar se perguntando. Mas todo designer sabe desenhar. Certo?
Errado.
Desenho ou ilustração é uma das muitas ferramentas que os profissionais têm. Mas não dominar técnicas de ilustração não impossibilita a prática das tarefas de um designer.
Quando um trabalho específico demanda uma ilustração, caso o designer não domine essa técnica, há a necessidade de contratar uma outra pessoa que o faça (um outro designer que ilustre, um artista plástico, seu sobrinho que desenha bem etc.).
Além disso, existem diversos estilos de ilustração. Um ilustrador não necessariamente domina todos os estilos. Existem ilustradores que se identificam com estilos diferentes e praticam para adquirir a expertise naquele estilo diferente.
A seguir, alguns exemplos de estilos de ilustração e seus respectivos artistas.
Alguns designers se especializam também em animações.
Aqueles craques na ilustração geralmente se dão bem no mercado de animação tradicional 2D (estilo Disney). Os que se dão bem com fotografia e trabalhos manuais pode gostar mais da técnica de stop motion.
Os designers gráficos mais puristas (e com menos habilidades de ilustração) pode ser dar bem em motion graphics (gráficos em movimento). E ainda existem aqueles que fazem animações em 3D.
Essa é a técnica de animação mais antiga e talvez a mais trabalhosa. Ela requer do animador um conhecimento de ilustração avançado pois o mesmo deve ilustrar as animações quadro a quadro.
Vamos entender melhor.
Via de regra, essa animações são feitas com 12 quadros por segundo. Isso significa que, para obter 1 segundo de animação, são necessários 12 desenhos diferentes.
Porém, existem várias etapas de desenho.
Essa técnica é parecida com a técnica de animação tradicional, porém nela, ao invés de desenhos, trabalha-se com composições físicas. Nessas composições, os objetos são animados manualmente.
Suponhamos que queremos animar um personagem caminhando.
Primeiro, deve-se criar esse personagem. Nos exemplos mais comuns, esses personagens são feitos de massa (e possuem um esqueleto de sustentação).
Tendo o “boneco” pronto, posicionamos ele na cena e usamos uma câmera fotográfica para registrar aquela pose.
Altera-se a posição das pernas do boneco sutilmente, e outra foto é tirada. Move-se a perna do boneco mais um pouco e tiramos outra foto.
Repete-se o processo diversas vezes, até o resultado final ser atingido.
Essa técnica também pode ser aplicada sem a utilização de bonecos, mas também de personagens reais.
Essa técnica de animação é mais simples que a de animação tradicional, mas explora outras possibilidades.
Nela, o designer utiliza gráficos previamente gerados e atribui movimentos baseados em opacidade, rotação, escala e posição para criar suas animações.
O software mais utilizado para executar essas animações é o Adobe After Effects, que conta também com diversos efeitos e plug ins para diversificar ainda mais as possibilidades.
Talvez seja a técnica de animação mais popular atualmente por ter sido utilizada em 14 dos 16 premiados pelo Oscar com o prêmio de “melhor animação do ano”.
Essa técnica é extremamente complexa, pois ela consegue se aproximar do real com uma precisão inacreditável.
Inclusive, muito do que vemos nos filmes hoje em dia é feito por computação gráfica (ou você acha mesmo que cidades inteiras são destruídas para gravar um filme?).
Para animações 3D mais simples, apenas um designer consegue resultados satisfatórios.
Mas para produções cinematográficas, equipes de dezenas, às vezes centenas de artistas são responsáveis pela produção.
Ainda no âmbito 3D, um designer que saiba fazer animações tridimensionais sabe também modelar objetos em 3D.
Uma coisa não necessariamente depende da outra, na verdade.
Um animador 3D pode receber os elementos prontos e apenas executar a animação.
E um designer que domine as técnicas de modelagem tridimensional pode ser essa pessoa que envia os objetos em 3D.
Grande parte do que vemos no mercado publicitário, não é real.
Garrafas, latas, potes, doces, biscoitos, bolachas, sorvetes, picolés… a maioria dessas coisas tem aquela aparência surreal nas fotos das propagandas ou embalagens justamente por não serem reais!
São imagens geradas por computador, após um trabalho minucioso de modelagem em 3D.
Criação de web sites e aplicativos é uma atividade bastante comum para designers gráficos. Mas nem todo designer tem o conhecimento necessário para finalizar um site/aplicativo/software e entregá-lo funcionando.
Isso acontece pois, para fazer esses produtos funcionar, é necessário ter conhecimento de algumas linguagens de programação.
Um designer gráfico geralmente desenvolve o layout do produto.
Se ele tiver alguns conhecimentos básicos de programação, ele pode executar o trabalho de front end, que seria aplicar esse layout criado em uma página de internet ou aplicativo.
Com conhecimentos mais avançados, ele pode fazer o que é chamado de back end. Nessa etapa, o programador (que pode ser o designer) gera todos os códigos necessários para fazer o produto de fato funcionar.
User interface (interface do usuário) é uma área do design que estuda os elementos de um layout e como o usuário vai interagir com os mesmos.
Um bom design de interação é aquele que apresenta elementos simples e intuitivos, onde o usuário consegue cumprir as funções propostas de forma natural.
User experience (experiência do usuário) trata de fatores mais lúdicos em relação ao produto de design final e o usuário.
Um bom design de experiência não só entrega o que o usuário sabe que precisa, mas também o que ele nem sabia que precisava.
Isso faz com que o usuário se sinta bem ao usar o produto e crie um vínculo emocional com a marca. Sendo assim, UX design (embora esteja nessa categoria) pode ser aplicado à diversas áreas do design, não só gráfico, mas também de produto etc.
Infelizmente, o trabalho do designer gráfico é bastante menosprezado.
Frases do tipo “você vai me cobrar isso tudo por um desenho?” ou “você vai me cobrar isso tudo por algo que vai levar uma hora para fazer?” são bastante comuns.
Mas como a profissão não é regulamentada e muitos profissionais estão no mercado sem precisar de um diploma de ensino superior, existe essa impressão de que é um trabalho que pode ser facilmente executado por qualquer um.
O que deve ser levado em conta é que muitos designers estudaram e estudam muito (design está sempre mudando e evoluindo e necessita de estudo constante) para conseguirem executar os seus trabalhos o mais rápido e com maior precisão.
Agora que sabemos um pouco melhor sobre o que faz um designer gráfico, sabemos também como é um trabalho difícil e que deve ser valorizado.